SOM DO SERTÃO

Por Assessoria de Imprensa

19/06/2023 15:54
O Ministério da Cultura, por meio da Zilor, trouxe para Quatá o Projeto Som do Sertão. Um show instrumental com a riqueza da música caipira, realizado dias 16 e 17 de junho, no Clube Saci.
O projeto foi apresentado pelo secretário de Cultura Gustavo Pilizari, que atuou como apresentador de "causo", trazendo poesia dentro da história caipira antes de cada apresentação, assim como o nome da música e autor. O evento emocionou o público presente, e quem estava em casa também pôde acompanhar ao vivo a transmissão pelo Facebook do Projeto Som do Sertão.
Sob a direção geral do músico Luiz Américo e regência do renomado maestro Gilson, as apresentações contaram com o talento dos músicos: Luiz Américo e Hélio no saxofone; Tiago, Carlos, Júlio e Elaine no trompete; Mauro na viola; Bruno no violão; Jeferson no contra-baixo; Rafael no acordeon; Andréa na percussão e Vinícius na bateria.
A equipe contou ainda com o trabalho da intérprete em Libras Mirelli; figurinista: Estefânia, decoradora de palco: Cíntia e Marketing e Propaganda: Daniela.
Os interessados podem assistir a apresentação de Quatá por meio do Facebook:
Realização: Ministério da Cultura, com patrocínio e incentivo da Zilor. Apoio: Lei de Incentivo a Cultura e Prefeitura Municipal de Quatá.
NARRATIVA: POR GUSTAVO PILIZARI
Ainda lembro de meu velho avó, sentado numa simples cadeira de forro de juta e chita.
Sentado lá, fitava as altas nuvens branquinhas em formato de cavalinhos e passarinhos e tudo aquilo que ele mais apreciava...
E quando chamava os netos para perto de seu ninho, em roda pra prosear - todos sentados nuns cobertores feitos de labirínticos coloridos surrados paninhos feito pela minha avó - ele, vagarosamente, pegava seu radinho de pilhas rayovac e, de mãos tremulas, deixava escapar lágrimas atrás de seus oblongos óculos empoeirados, assim que a música começava -, de forma bem chiada -, é verdade.
Nossa Brasilidade vem de tudo que a roça nos deu.
É nossa certidão de nascimento.
Jeca Tatu, personagem de Monteiro Lobato, recriado pelo Genial Amácio Mazzaropi de forma tão ingênua conquistou o coração do Brasileiros.
É a partir dos versos leves sobre canto de galo, João de Barro, mugidos de vacas, piados, amanhaceres, entardeceres, causos, xícaras de café, fogão de lenha, pão assado num forno de barro, e uma boa dose de pinguinha num boteco de esquina, que nossa Cultura se formou e nos trouxe até aqui.
Seja Bem Vinda, Cultura Nacional !
O espetáculo se inicia:
E, imagina que iniciamos nosso dia, na roça, abrimos a janela e cantamos baixinho uma oração para agradecer pelo dia
Sou caipira, pira, pora
Nossa Senhora de Aparecida
Com vocês,
01 - ROMARIA: Renato Teixeira
Cheiro de relva trás do campo a brisa mansa
Que nos faz sentir criança
O homem da roça é puro e brinca feito ingênua criança
Como vocês,
02 - CHEIRO DE RELVA: Dino Franco
######
Se tem uma coisa em que o caipira é baum, é ser simprão, humirde, gosta de se juntar cus cumpanhero pra matar a sardade... mas, alembrar é o que há na noite enluarada da roça, de cheiro de brejo molhadu, embalada por cantos de vagalumes, corujas, gostosas memórias daqueles que foram e, fugueira nu chão...
Dá uma dor no peito sô!
Com vocês,
03 - MEU REINO ENCANTADO: Valdemar Reis e Vicente Machado
Com inspiração na obra de Monteiro Lobato, nosso eterno Caipira Mazzaropi arrastou multidões para os cinemas com o personagem Jeca, o caipira de fala arrastada, tímido, mas cheio de malícia.
Nosso Jeca Tatu traduz o sentimento da saudade, da ingenuidade, dos campos, dos causos, dos pés descalços correndo solto num chão quente chão de terra, da vida arrastada e vagarosa que hoje, talvez, tenhamos perdido neste mundo tão violento.
Mas, ser Brasileiro é ser Jeca, Caipira, Bobo, de muitos amigos e de gostar de viver a vida.
Com vocês, a Tristeza do Jeca
04 - TRISTEZA DO JECA: Angelino de Oliveira
Bahia deu Rui Barbosa, Rio Grande deu Getúlio
Em Minas deu Juscelino, de São Paulo eu me orgulho
Baiano não nasce burro e gaúcho é o rei das coxilhas
Paulista ninguém contesta é um brasileiro que brilha
Quero ver cabra de peito pra fazer outra Brasília
Nossa Cultura tem grandes gênios vindos de todo lugar
Da roça para a Selva de Pedra, nossa canção é embalada ao gostoso som do violão !
Com vocês,
05 - PAGODE EM BRASÍLIA: Lourival dos Santos
A saudade do mato marca muito das canções de uma geração.
O luar do sertão é nosso, e, nos brinda com gratidão em cada coração.
Quanta saudade temos daquele ranchinho amarradinho de cipó, daquele colchão de palha, da coberta de retalhos, da nossa mãezinha, ainda de madrugada, com o galo fazendo serenata, o cheiro de brejo logo ali, já nos esperava no fogão de lenha fazendo nosso gostoso docinho café para abençoar o dia a nascer.
Com vocês,
06 - SAUDADE DA MINHA TERRA: Belmonte
A palavra caipira vem do tupi: cai = queimada / pir = pele: pele tostada.
Outros estudiosos dizem que a origem de caipira pode estar em caapora: caá = mato / pora = habitante, morador.
Portanto, caipira é o habitante do mato.
Da roça temos os boiadeiros, temos o menino da porteiro que, ao longe, pendurado e descendo, correndo para abrir a porteira em Ouro Fino, pedia para tocar o berrante para ficar ouvindo... eu diria, que, no fundo, era para ele ficar feliz...
Com vocês,
07 - BOIADEIRO ERRANTE: Teddy Vieira
Cada vez que eu me alembro, do amigo Chico Mineiro, das viagen que nói fazia, era ele meu companheiro. Sinto uma tristeza, uma vontade de chorar, alembrando daqueles tempo que não mais hái de vortar. Apesar de eu ser patrão, eu tinha no coração, o amigo Chico Mineiro, caboclo bom, decidido, na viola era delorido e era o peão dos boiadeiro. Hoje, porém, com tristeza recordando das proeza da nossa viagem motim, viajemo mais de dez ano, vendendo boiada e comprano, por esse rincão sem-fim. Caboclo de nada temia, mas porém, chegou um dia, que Chico apartou-se de mim.
08 - CHICO MINEIRO: Tinoco
Eu tenho o meu canarinho
Que canta quando me vê
Eu canto por ter tristeza
Canário por padecer
Moreninha linda do meu bem querer
É triste a saudade longe de você
Ah, sim, a roça também tem profundos amores que partem o coração feito fundos rios de correntezas.
Com vocês,
09 - MORENINHA LINDA: Tonico, Priminho e Maninho
O estilo Sertanejo surge no início do século XX, gênero musical criado por Cornélio Pires.
A primeira figura a ser mencionada, na tendência nacionalista da música brasileira para Concerto é a do compositor e diplomata Brasílio Itiberê da Cunha, com a música "A Sertaneja" para Piano.
Com vocês,
10 - AMARGURADO: Tião Carreiro e Dino Franco
Em 1924, foi criado o primeiro grupo de Sertanejo formado por violeiros.
O nome era "A Turma Caipira" de Cornélio Pires, que acabamos de falar.
Cornélio Pires gravou a primeira moda de viola lançada em todo o país em 1929. A canção se chamava "Jorginho do Sertão".
Faz 100 anos que nossa Identidade Cultural foi criada e, desde então, simboliza tudo o que o Brasileiro gosta e sente.
Com vocês,
11 - TAÇA DA AMARGURA: Chrysostomo e José Raimundo
Eita saudade de se lambuza com manga e, de até cutuca o picho de pé!
Brindamos esta viagem por entre corguinhos, pinguelas, mata-burros, pardais, sabiás, prosas, versos singelos, grilos e vagalumes, cheiro de orvalho e cheirinho de amor à nossa Cultura Raiz com nosso grande Clássico.
Com vocês,
12 - FIO DE CABELO: Darci Rossi e Marciano
Esta foi nossa Ode, nosso amor em viola a nossa bela Cultura Nacional!

Fonte: Cultura